A máfia do transporte público paulistano

Não existe crime maior na cidade de São Paulo que transportar pessoas. A polícia é absolutamente incopetente para prender criminosos, porém se você se arriscar transportar pessoas sem autorização da prefeitura irá conhecer a verdadeira função policial: Preservar os monopólios estatais.

Quem não se lembra da guerra travada entre a polícia e as lotações nos anos 90, com os ônibus urbanos cartelizados por criminosos ligados ao estado e absolutamente ineficientes na sua função de transportar as pessoas, surgiram as lotações, que eram mais leves, ágeis, entregavam transporte digno na periferia de São Paulo, permitindo trabalhadores pais de família a chegar no seu trabalho com respeito, dignidade e economia de tempo.

A violência policial não conseguiu resolver o incomodo das lotações aos carteis criminosos que comandam os ônibus, foi apenas a legalização das lotações que possibilitou se livrar delas. Quando você pede permissão ao inimigo você já perdeu moralmente, e aos poucos, sem chamar muita atenção e de forma muito sorrateira as lotações forem desaparecendo.

Essa mesma história triste se repetiu e se repete todos os anos, iniciativas inovadoras, como aplicativos de ônibus, bicicletas de aluguel, patinetes elétricos e muitas outras ideias de empreendedores visionários que visavam melhorar a qualidade do transporte e reduzir custos aos usuários, foram tratados como criminosos pela prefeitura e foram perseguidos e tiveram seus bens confiscados.

Os ônibus não só obrigam a população usar um transporte inferior, como são uma ameaça a própria vida das pessoas, a quantidade de mortos e multilados por atropelamentos por essas máquinas de matar em quatro rodas só cresce, pedestres, ciclistas, motociclistas estão entre as vítimas. Os motoristas trabalham sob jornadas de trabalho desumanas, longas horas com remuneração extremamente reduzida, vivendo ameaça de assaltos, medo perante seus patrões, pressão imensa e o resultado é uma direção visivelmente imprudente que o prejuízo material e principalmente humano se espalha na cidade de São Paulo onde passam.

Desistir e aceitar a derrota não é uma opção, para quem ama São Paulo, para quem depende do transporte para trabalhar, para quem quer melhorar a vida das pessoas empreendendo. Porém entrar nesse meio não requer por parte do empreendedor apenas sua inovação e eficiência caracteristicas, requer também perceber que vai ter que enfrentar o ataque dos setores estatais dedicados a preservar o monopólio do cartel do ônibus.

Ao usuário sempre vale o lembrete que insistir nesse meio de transporte não só é escolher o pior meio possível de se chegar como além de tudo um dilema moral, cada viagem representa um voto num sistema falido e protegido por máfias que coloca em risco a vida dos seus semelhantes. A bicicleta não só faz bem para sua saúde como muito mal ao cartel do transporte paulistano. Deixe os ônibus vazios eles não merecem sua presença.