Sobre a política e a ação libertária.

Atacar a opinião pública por meio da política é uma estratégia muito bem aceita em meios conservadores e libertários, como uma forma de ação, para expor as ideias libertárias ao grande público.

Políticos para serem bem sucedidos precisam ser pessoas carismáticas, falar em termos simples, e com bordões enfáticos e marcantes. Características ideais para divulgar essas idéias.

No entanto existe uma série de problemas ocultos nessa estratégia, que apenas pessoas com capacidade de aplicar a lógica econômica ao próprio movimento libertário, ou principalmente a si próprio, são capazes de vislumbrar.

Políticos seguem as leis.

As ações de políticos, e de qualquer um que queira ser parte do estado e ser um libertário, devem seguir as leis, é exatamente isso que implica ser um membro do estado, se subjulgar a lei estatal.

Porém a ética libertária é uma construção lógica, que não se trata da opinião de uma pessoa, mas a única ética que é possível você seguir sem se contradizer.

A moral cristã é um exemplo de tradição moral construída ao longo de séculos, que se mostrou vencedora no teste do tempo, as pessoas nascidas e crescidas nos dias de hoje são produto dessa moral. A diferença entre existir e não existir é exatamente os valores morais dos seus antepassados.

O direito privado, como por exemplo o direito romano, ele extende as leis de acordo com as ocorrências de conflitos não previstos, seguindo princípios éticos bem estabelicidos baseados na justiça.

Enquanto que o direito privado é a aplicação da ética libertária, usando a jurisprudência, ao surgir novos problemas não analisados no conjunto de leis existentes, e a moral cristã são valores morais indivíduais que se mostraram vencedores no teste do tempo, e não estão em conflito com a ética libertária (e consequentemente direito privado). A situação da lei estatal é absolutamente diferente.

A lei estatal é construída sem necessidade de surgir o conflito, pelo contrário, ela é a representação do que há de mais imoral na sociedade, criar conflito entre os indivíduos, para o estado utilizando o monopólio policial e judicial, expropriar as propriedades das pessoas sob seu domínio.

Uma pessoa que está disposta a cumprir a lei estatal, tem sérios problemas para explicar como suas atitudes estão de acordo com a moral cristã, ética libertária, e como seu entendimento de economia está alinhado com essa situação.

E isso pode ser facilmente vislumbrado em políticos e funcionários públicos que defendem a ética libertária e a moral cristã colocando seu salário no bolso, mesmo esse sendo produto da expropriação dos seus semelhantes.

Basicamente a mensagem é: Faça o que eu falo, não faça o que eu faço.

Políticos dependem de votos.

Um político para ser eleito ele precisa do voto das pessoas, então basicamente ele vai tentar convencer o máximo de pessoas alinhada com suas ideias a comparecer nas eleições e votar nele, para ele representar essas ideias perante a sociedade, qualquer atitude diferende dessa representa absoluto fracasso na política.

Porém o ato de votar, por parte do eleitor, significa o consentimento moral a institução estado sob o comando do político da sua preferência, significa a legitimação da democracia como processo político.

Então basicamente o político prega a ignorância econômica nas atitudes dos eleitores. Ele vai falar em público contra o estado e a democracia, mas o eleitor deve dar consentimento ao estado e a democracia. Um psiquiatra diagnosticaria com esquizofrenia, mas a situação é mais grave.

Um político prega a construção de um grupo de pessoas centralizada na sua pessoa pública, ou seja, as pessoas não precisam aprender e entender a fundo as ideias libertárias, ele está ali para representar elas. As pessoas não precisam dizer verdades dolorosas aos demais, o político vai fazer isso por elas.

Lógico que a consequência lógica desse tipo de postura, é um grupo de pessoas ignorantes e sem entendimento verdadeiro sobre o libertarianismo dando apoio ao político, e todo aquele grupo fica a mercê daquela única pessoa se manter fiel a essas idéias, sem se corromper, nem tirar vantagem pessoal para si próprio.

Como se na hora de apoiar a política, os libertários se mostrassem convenientemente ignorantes de economia e incapazes de auto-análise, apoiando de forma religiosa um movimento centralizado, que a única coisa que vai proporcionar é uma carreira aos líderes e dominação política/religiosa a base de apoio.

A verdadeira ação libertária.

O físico Richard Feynman uma vez explicou seu método de estudo, para aprender qualquer assunto, leia a teoria, explique em termos simples, retorne a teoria para corrigir coisas que você não soube explicar e para simplificar e esclarecer sua idéias. Siga nesse processo indefinidamente.

O libertarianismo não deve ser entendido nem explicado para mudar o mundo, e sim para mudar a si mesmo. Só no sentido de crescimento pessoal que essas idéias fazem sentido. Mudar as outras pessoas é uma grande ilusão, a única pessoa que você tem poder sobre é si próprio e é fundamental reconhecer isso para se estabelecer uma ação coerente.

A primeira coisa que uma pessoa que entendeu o libertarianismo deve fazer é não depender dos seus pais, nem do estado. Buscar sua independência de forma eticamente correta é fundamental para alinhar suas opiniões com suas atitudes. Pode parecer extremamente difícil fazer isso, mas se estiver disposto a não respeitar a lei estatal as oportunidades de ganhos (eticamente honestos) se multiplicam.

Numa situação que você tem seus rendimentos derivados de uma atividade eticamente honesta, as ideias libertárias se tornam uma forma de proteção moral pessoal, muitos estatistas e pessoas que repetem a mídia mainstream sem refletir vão falar mal de você simplesmente por ser diferente, então explicar essas ideias em termos simples se torna uma questão pessoal, e seus incentivos vão estar naturalmente alinhados com estudar e explicar o libertarianismo.

Pessoas que tem irremediavelmente seus ganhos derivados da violência estatal (como banqueiros, funcionários públicos, grandes empresários vínculados ao estado), não vão estar dispostos a argumentar, e vão tentar tudo que estiver ao seu alcance para ridicularizá-lo, para excluí-lo e até criminalizá-lo. Se torna questão de vida ou morte expor essas pessoas em termos simples para o leigo inteligente estar do seu lado. E defender publicamente a exclusão social dessas pessoas, e realmente se afastar dessas pessoas.

Aqui a diferença em relações a políticos é gritante, não se pede a um terceiro para explicar essas ideias por mim, para dizer verdades dolorosas por mim, para confrontar os meus inimigos por mim. Antes de ser libertário devo me provar homem e fazer isso por conta própria na minha vida pessoal. Crianças são dependentes (dos pais ou do estado) e homens são ser humanos que ganham sua vida por trocas voluntárias.

A diferença de um professor para um político é que o professor ensina seu aluno a pensar por conta própria e o político ele prega de forma religiosa o apoio egocêntrico a sua pessoa. A ação libertária se trata basicamente dos verdadeiros professores derrotarem e humilharem os políticos.

Um movimento libertário descentralizado, que cada indivíduo está com a pele em jogo, que cada indivíduo sabe se defender moralmente e argumentar em termos simples, que cada indivíduo tem a humildade de aprender e ensinar não pode ser corrompido nem parado. E é a única forma de ação que a lógica econômica faz sentido. É o exemplo nu e cru de uma reação em cadeia.

Senhor "libertário" que defende a política, que se recusa a viver de trocas voluntárias, que aceita dinheiro estatal ou de expansão de base monetária, infelizmente eu não posso desler o que eu li, infelizmente eu não posso não pensar no que eu pensei, infelizmente não sou nojento como o senhor de me fingir convenientemente ignorante, a única coisa que posso oferecer ao senhor é a minha exclusão social permanente.